Muitos pais ou educadores levantaram a questão em mais de uma ocasião: como devo repreender o meu filho ou aluno com autismo quando ele se comporta mal ou faz algo que não quero que ele faça? Em resumo, como eu o educo nessas situações?
Para responder fizemos algumas perguntas, à Psicóloga Luma Santos Tavares que esclareceu algumas das principais dúvidas acerca do Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas suas diferentes manifestações em relação aos comportamentos sociais “Para corrigir uma criança com autismo, é necessário ser claro e enfático”.
Em primeiro lugar, é importante conhecer a pessoa para diferenciar quando um desses comportamentos indesejados ocorre como resultado do autismo ou se é realmente um comportamento que busca uma resposta da atenção do adulto ou para atingir qualquer outro objetivo.
Quando se trata de um comportamento de autismo, como uma birra diante de uma situação nova ou a rejeição de um tipo de alimento devido à hipersensibilidade, não devemos repreender ou punir, mas entender que nesse tipo de situação a pessoa com autismo não está a comportar-se dessa maneira com más intenções e propósitos, mas está a expressar o seu desconforto ou discordância com o que está a acontecer e é a maneira de “se defender” e de nos informar sobre a sua situação.
Quando entendemos isso e sabemos a origem desse tipo de comportamento, podemos ajudá-los a partir daí, para que possamos oferecer soluções e alternativas muito mais apropriadas, individualizadas, funcionais e significativas.
Por outro lado, quando nos deparamos com um comportamento do segundo tipo e identificamos que a origem dele é um alerta ou uma provocação negativa, como cuspir na comida e rir dela ou recusar-se a executar qualquer tarefa, é importante marcar como um limite claro. É essencial que seja compreensível, para que possa ser um limite verbal (diga não), visual (com um sinal ou pictograma) ou através de uma ação como dar as mãos ou restringir o comportamento.
Da mesma forma, é essencial que esses tipos de limites sejam consistentes, ou seja, às vezes não podemos repreender sim e às vezes não para o mesmo comportamento, pois, ao fazê-lo, não estaríamos a ensinar nada. Além disso, estaríamos a agravar este comportamento. É também importante não usar punição física, pois estaríamos a ensiná-los a usar comportamentos agressivos, o que não é nada favorável.
Além disso, e dependendo do nível cognitivo da pessoa com autismo, também é benéfico explicar e informar à pessoa por que um determinado comportamento não pode ser realizado, para que ela possa entender melhor a situação, o que favorece ainda mais a aprendizagem e a generalização disso.
Outro tipo de situação em que você precisa colocar algum tipo de limite para ensinar comportamentos socialmente desejáveis são aquelas relacionadas ao contato físico.
Por exemplo, dando um abraço – não muito forte, você precisa explicar como deve fazê-lo usando um reforço positivo para consolidar o aprendizado. Reforços sociais como reconhecimento, sorriso no rosto, aplausos, sinal positivo ou reforço de atividades (fazer algo que a criança gosta, como cantar uma música) podem ser os preferidos.
Por fim, queremos fazer uma breve anotação sobre as situações perigosas com as quais também podemos nos deparar, como atravessar a rua, fugir, comer algo prejudicial, etc. Nesse momento, é essencial ser muito franco e preciso com os limites, através das estratégias já mencionadas.
E, é claro, não podemos deixar de antecipar o surgir desse tipo de comportamento, para que também possamos evitá-los e reduzi-los.