O Dia de Todos os Santos é uma data que comemora o ‘dia dos mortos’, um dia específico no calendário para a sua memória. Há também a longa tradição de visitar cemitérios para homenagear parentes falecidos.
Neste momento, a ideia do luto está presente na psique humana. Aquela construção social que visa entender, assimilar e aceitar uma realidade trágica: a perda física de um ente querido, conforme definido pela psicoterapeuta Joana Deuzi à ZARLLOR magazine.
A especialista ressalta que o luto pode-se manifestar de acordo com os costumes sociais da pessoa que o atravessa. “Você pode viver com amor ou com sofrimento”, explica Deuzi.
Numa entrevista passada, o psiquiatra Rafael Almeida, disse que é importante reconhecer a diferença entre a tristeza e o luto. A primeira é uma construção social de como expressar tristeza; o segundo é o processo emocional natural do ser humano, caracterizado por ter quatro fases. “Raiva, negociação, depressão e aceitação”, disse Almeida.
O que acontece no corpo humano durante o duelo?
O neurologista João Dove, destaca que o cérebro reage de acordo com o costume social da pessoa. Isso significa que ele assume certos comportamentos e ideologias regulados pelo lobo frontal: área do cérebro responsável por direcionar aspectos espirituais e idiossincrasias diante da morte e do falecido.
“Quando uma criança nasce, isso não acontece com os costumes herdados. Isso é formado com os padrões culturais acumulados no nível cerebral através de circuitos no lobo frontal, uma área do cérebro que dirige a parte moral e social da pessoa” , diz Dove.
O lobo frontal está relacionado ao sistema límbico, acrescenta o neurologista, que serve como uma conexão entre as estruturas corticais e subcorticais do cérebro. Este centro neurológico regula emoções e sentimentos como tristeza e medo.
A psicoterapeuta argumenta que, como existe um componente cultural na manifestação do sofrimento, existe a possibilidade de prejudicar a nossa saúde mental, se não for superada.
Isso acontece “se toda vez que vou ao cemitério fico triste, se eu me conectar com a dor, isso não seria saudável – seria até tóxico porque estamos a falar de um duelo aberto, uma dor que não foi assimilada.”, comentou Deuzi.
Deuzi recomenda que, quando for visitar um ente querido que faleceu, viva a sua memória com alegria. Mesmo com piadas ou música, como algumas culturas e famílias fazem. “Isso permite lembrar com amor e com boas recordações o período que passou com a pessoa querida”, conclui.