No dia 25 de maio, parece que uma ferida foi marcada em todo o mundo. Um homem negro desarmado, anónimo, foi morto durante uma abordagem policial. Era para ser apenas mais uma capa de jornal, no entanto o caso de George Floyd parece mesmo ter impactado o planeta.
O caso foi motivo para que, na passada terça-feira, dia 02 de Junho, as redes sociais «vestissem-se» de preto. Várias publicações com ecrãs pretos foram partilhadas por artistas de todos os cantos da Terra. E, em Portugal, muitas foram as figuras públicas a apoiar a iniciativa.
Bruno Fernandes, Carminho, Fernando Rocha, Cláudia Vieira, Mónica Jardim, Catarina Furtado, Mafalda Castro, Filipe Vargas, Lúcia Moniz, Pedro Fernandes, Oceana Basílio, Pedro Teixeira, Maria João Abreu, Marta Melro, Mickael Carreira, Madalena Brandão, Tiago Aldeira, José Mata e João Baião foram alguns destes famosos.
Também aderiram ao #BlackoutTuesday (como o movimento ficou conhecido) Susana Arrais, Mariana Monteiro, Patrícia Tavares, António Raminhos, Fernando Daniel, Ana Malhoa, Rui Bandeira, Wanda Valença, Ana Moura, Aparício Sofia, Beatriz Gosta, Luis Borges, Hugo Sousa, Luís Puto, Inês Folque, Cristina Ferreira, Virgul e Miguel Raposo.
David Carreira, José Condessa, Sofia Ribeiro, Nelson Freitas, Luis Garcia, Kasha, Pedro Tochas, Luís Filipe Borges, Joana Seixas, Diogo Piçarra, Kaysha, Carolina Deslandes, Bárbara Bandeira, Ljubomir Stanisic, Benedita Pereira, Soraia Tavares e Georgina Rodríguez participaram igualmente do manifesto.
Algumas celebridades também publicaram textos a abordar a temática do racismo. Cláudio Ramos escolheu o poema Lágrima de Preta, de António Gedeão:
«Encontrei uma preta que estava a chorar, pedi-lhe uma lágrima para a analisar. Recolhi a lágrima com todo o cuidado num tubo de ensaio bem esterilizado. Olhei-a de um lado, do outro e de frente: tinha um ar de gota muito transparente.»
«Mandei vir os ácidos, as bases e os sais, as drogas usadas em casos que tais. Ensaiei a frio, experimentei ao lume, de todas as vezes deu-me o que é de costume: nem sinais de negro, nem vestígios de ódio. Água (quase tudo) e cloreto de sódio.»
Sobre a escolha deste poema, o rosto da TVI explicou: «há muitos anos na escola primária a D. Conceição, minha professora na época, leu-nos um poema para analisar. Não era um simples poema. Era a ‘lágrima de preta’ de António Gedeão».
«Várias vezes me lembrei dele ao longo destes últimos dias. Estamos muito preocupados com a pandemia – e devemos estar – estamos muito preocupados com coisas que nos inquietam, mas a nossa obrigação é não fechar os olhos ao que o mundo mostra», prosseguiu.
«E o mundo mostra que o ser humano pode ser muito mais cruel que uma pandemia que abanou o mundo. O racismo não está só num lugar. Não se iludam! Está ao virar de muitas esquinas, mesmo que o disfarcem», disse ainda o apresentador do Big Brother 2020.
«Como não sei se algum deles leu isto alguma vez na vida, pedia-vos o favor de irem passando a mensagem. É simples. Tratar-se de amor, respeito, direitos. De amor e de gente. É angustiante ter de reflectir sobre isto em 2020. Diz muito do mundo que temos e de quem habita nele», completou.
Filomena Cautela também publicou um texto, porém a falar mais no papel que os artistas podem representar neste momento de combate a uma ideia tão retrógrada e errada como o racismo mostra ser nos dias da atualidade.
«Este é o momento de ruptura. Se hoje nos cobrimos de negro, que daqui para a frente não nos calemos mais. Se temos voz, e seguidores e púlpito é sim o nosso dever sermos mais que artistas, apresentadores, influenciadores. Sejamos cidadãos ativos e corajosos. Hoje e daqui para a frente», escreveu a estrela da RTP.
Iva Domingues falou sobre o orgulho que estava a sentir da filha, que ainda adolescente já estava a mobilizar-se contra a discriminação racial ao ter participado de uma das manifestações que estão a ocorrer nos Estados Unidos devido à morte de George Floyd.
«É de conhecimento público que a minha filha está em Santa Mónica, Califórnia, EUA. Ontem fez questão de se juntar às manifestações pacíficas contra o racismo. Lá esteve, do alto dos seus 17 anos, valente e destemida, do lado certo da História!», começou por escrever.
«Como mãe, fiquei com o coração apertado, mas sei que há momentos nas nossas vidas em que o medo não é opção. Sei que a eduquei na igualdade, no respeito pelo próximo e a lutar e defender aquilo em que acredita. Tenho tanto orgulho na mulher que se tornou!», concluiu em êxtase.
Várias empresas e imprensas de Portugal também mostraram-se junto do movimento #BlackoutTuesday, tais como o portal Top Influences, a SIC, a Forbes Portugal, a Unicef Portugal e a Altice Arena.
Quem também não poderia ter deixado de participar foi Moussa Marega. O jogador do Porto foi notícia em fevereiro deste ano no mundo inteiro após ter recebido ofensas discriminatórias proferidas por torcedores num estádio em Portugal. O desportista chegou a deixar o campo no meio de um jogo.
Uma prova de que, em frente ao ódio e desprezo que tanto o racismo (e outras formas de discriminação) representa, a melhor resposta à maldade são com atitudes positivas, com a união e com a certeza de que o bem e a verdade sempre vence no final.