A linguagem vulgar é considerada por muitos uma manifestação de baixa inteligência. Os cientistas argumentam que essa visão tem pouco a ver com a verdade.
Timothy Jay, professor emérito de psicologia do Massachusetts College of Liberal Arts, que pesquisa a linguagem há quase 40 anos, disse sobre inteligência.
Juramento e inteligência
Um estudo de 2015 descobriu que pessoas com alto nível de escolaridade, com muitas palavras, eram melhores em escrever maldições do que aquelas com menos vocabulário.
Os participantes do experimento tiveram que nomear tantas palavras começando com as letras “F”, “A” e “S” quanto possível em um minuto.
Então, ao mesmo tempo, eles deveriam dar tantas maldições nas mesmas letras quanto possível.
Prof. Jay explicou que a linguagem está relacionada à inteligência, então as pessoas que formaram a maioria das palavras também foram as melhores em inventar palavrões.
O pesquisador acrescentou que falar palavrões também pode ser um sinal de inteligência social, pois uma pessoa inteligente tem que diferenciar entre quando podemos xingar e quando absolutamente não podemos.
Xingamentos e honestidade
Outros estudos encontraram uma ligação entre o uso de palavrões e honestidade. O experimento de 2017 mostrou claramente que as pessoas que xingam com mais frequência mentem menos.
Ao mesmo tempo, o prof. Jay observou que “os resultados não podem ser interpretados como significando que quanto mais uma pessoa usa palavrões, menos provável que ela se envolva em atividades antiéticas ou imorais.”
Palavrões e a capacidade de suportar a dor
Enquanto isso, pesquisadores da Keele University of Psychology, no Reino Unido, realizaram experimentos que mostram que os palavrões também podem ter um “efeito analgésico”.
Como parte do estudo, os voluntários tiveram que mergulhar as mãos numa banheira de água gelada pelo maior tempo possível enquanto repetiam uma palavra vulgar da sua escolha.
Segundo os pesquisadores, a maioria das pessoas desencadeia uma reação natural do corpo, a chamada “Lutar ou fugir” – a repetição da vulgaridade escolhida os fez suportar o desconforto por mais tempo do que as pessoas que não puderam xingar durante o experimento.
Palavrões e criatividade
Quando juramos, uma área do lado direito do nosso cérebro é ativada, que é responsável pela criatividade.
“Memórias de infância, maldições e palavras afetuosas, portanto palavras com um forte conteúdo emocional que aprendemos desde cedo, tendem a ser retidas no cérebro mesmo quando todo o resto da nossa linguagem não está a funcionar como antes”, explicou Emma Byrne, autor de Palavrões é bom para você.
No entanto, ela acrescentou que há muitos casos em que pacientes que tiveram um derrame na parte direita do cérebro param de falar palavrões, mesmo que o tenham feito por toda a vida.
Isso significa que devemos usar palavras vulgares, independentemente da hora e do lugar? Definitivamente não. Como disse Jerzy Bralczyk, “os palavrões frequentes, especialmente os palavrões, que são quase inconscientes, são uma espécie de deficiência”.